segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Razão.

Era masoquista. Gostava da dor física, mas mais da mental.

Explicava: Quando vou para a locadora eu evito o romance, não passo pela aventura, não dou risada das comédias, e me enfio no drama.

Quanta babaquice.

O homem, o fígado e a catarse.

A culpa bate, o cheiro de café insuportavelmente forte acorda, oito horas da manhã. Fuma um cigarro. Saí do quarto, sorri pra mamãe, tenta não tremer a mão enquanto põe água em seu copo.

Volta, e tenta dormir acordado; pausa para um cigarro. Um pouco de esforço para lembrar o que anseia por não fazer.

A dor não pode ser cruel. Nunca é. Cores roxas, língua com gosto de banana verde, e uma mão segurando a outra em busca de sossego nem foram sentidas.

A fome é. Coisas que desejava e não podia ter sempre o incitou. Inspira a comida e regurgita. –Como pessoas comem coisas com cheiros tão hediondos?- a mão volta a tremer. Põe três garfadas na boca e desiste. Decidi entrar em regime.

A pressão caí junto com os batimentos cardíacos. Se anima com músicas que não torturam e falam de corações partidos.

Lembra-se que corações partidos é para os fracos. Não há nada que só uma cerveja não faça, e a solidão também. Bate a porta então para descansar em paz.

Entre cigarros e ressacas nunca estará sozinho, afinal, as férias nunca fazem sentido, mas sempre parecem a salvação. O ano novo também.