segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Insônia.

Não gosto das pessoas muito brilhantes, me cansam. Assim como o dia das 11 as 15. Dói a vista, sabe?

Não gosto das pessoas muitos escuras, me enfado. Assim como ficar em casa das 22 as 3.

E, o meu tempo favorito é a manhã, que é a única parte do dia que me faz pensar que as verdadeiras cores não estão no cinema; talvez pela cor do céu, ou pela pachorra das pessoas me dizerem bom dia; e é claro, eu responder de volta com outro. Só entende quem namora.

O problema - ah o problema!-, é que passo dormindo. Não sei se é para sonhar, ou se é para ter pesadelos.

Eu sou só tormento.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

A inclusão digital.

A primeira parte desse texto não importa.

Tempos de cursinho me lembra uma coisa: O treinamento (manipulação) baseado no marketing do nazismo, ou dessas coisas, quem sabe os comerciais de TV.

Repita! Repita! , e aí se torna verdade. E essa fase do aprender/acreditar (transição) é muito bem planejada. Quem não se lembra das caras e bocas ou aquele comentário, que no fundo é uma piada (gozando da nossa cara), bem colocado? ; aí vem o sentimento, pô! Como aquele cara é legal, o que ele diz deve ser verdade.

Aí, conseguimos sair do cursinho. Uns para a rua, outros para a faculdade. E quanta coisa a gente desaprende...

Dentre elas a inclusão digital.

Ah, como eu acho engraçado pessoas falando que estão fazendo computadores para os pobres. Por um taxa tão baixa por mês, que dá até para comprar três computadores iguais ou melhores no fim; sentimentos de nobreza sempre me comovem. Pelo menos, de bônus, tem o Silvio Santos, ou GRANDIOSAS ideologias como inclusão digital. O que é melhor do que se sentir incluído de algo que te excluiu?

Tem tanta gente falando nessa besteira, que eu acredito friamente nisso. Na minha cabeça, não há quem não conheça youtube ou Bill Gates. Apesar de que, conversando outro dia, uma amiga minha me perguntou quem era Steve Jobs. -obs: eu não sei metade dos nomes dessas pessoas também- Eu entro no Orkut e vejo um mooooooooonte de perfis de classe baixa. Como é que existem pessoas sem computador?

Eu até fiz uma redação no Enem falando sobre os milagres dos centros com zilhões de computadores e Lan houses que permitem tal inclusão digital.

Mas para que tudo isso?, digo, essa não-reflexão.

Então, vamos para a segunda.

A diarista cochichou para outra que havia um monitor na casa que trabalhava. E, claro!, pessoas que possuem uma pessoa para jogar seu lixo fora sempre tem o que descartar.

A diarista falou com a dona de casa sobre o “encostado” da mesa da sala e a convenceu a vendê-lo. E a convenceu que acharia alguém para comprar...por 5%.

No horário combinado apareceram, a compradora trouxe o marido para levar o monitor. Na porta de casa, um São Paulino com capacete de bicicleta e uma mulher com olheiras cansadas.

A dona-de-casa mostra o material, explica porque não está sendo usado. Não é porque ela tem um novo monitor de 200 polegadas, é porque a CPU quebrou. Oras.

Contou-lhe o preço, e o cara com capacete de bicicleta, orgulhosamente, tira 300 reais do bolso, em três notas de cem. Até perguntou com cara de espantado “A senhora não tem troco?”.

É um jogo.

E, devido a falta de necessidade, ele explica o porquê de comprar o monitor. Era para seu filho, o sonho de consumo do filho era um monitor de 17 polegadas. Quanta graciosidade.

Por causa da fragilidade do monitor, a ex-dona embala em papel bolha. E, sem garantia, disse que se batesse o monitor, ele quebraria. Fico até ansioso, o jogo tomou novas proporções.

A pressão da torcida, o sonho de seu filho, o troco, não fazer feio, o motivaram para não deixar barato. Respondeu, levantando a cabeça, que tinha um CPU que era mais frágil que o monitor. Queria, até, comprar uma nova CPU por causa disso, porque a capacidade do HD de 80 GB variava conforme batiam nele.

-Ele é frágil- repetia. Tinha que repetir, assim, ele estava incluído, e, respeitado.

Todos felizes agora, a filha da ex-dona com um jogo novo de 250 para WII, a ex-dona porque fez um bom negócio, o filho com seu monitor de 17, o pai, por realizar um sonho, e a amiga com seus 5%.

Tudo por um sonho.

z0/

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Inalienável.

Ok.

Todo mundo sabe que o mundo está acabando.

Todo mundo sabe que as coisas andam erradas.

Todo mundo sabe que há direitos inalienáveis.

Todo mundo sabe que nunca existiu para todos.

E, sempre, os maiores humanistas foram ricaços.

E dá-lhe ricaços nisso.

E, o resto, que diz acreditar ainda, estão bebendo cervejas nos bares. Eu me incluo nisso.

E dou risada e faço piada, das coisas que se devia chorar.

Às vezes, eu tenho crise de consciência. Mas aí, eu percebo que as pessoas riem das minhas piadas, e me sinto aliviado.

HAHA!

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Identidade.

Teve uma boa noite de sono.

Acordou, e no café da manhã pensou em almoçar strognoff.

No trabalho, atarefado, resolveu dar uma olhadinha nas notícias de seu time de coração.

Na hora do almoço, foi ao shopping, lembrando-se da vontade que tivera de manhã. Emaranhado de gente... e de opções. No caminho do strognoff, havia fotos e fotos das coisas mais gostosas que jamais havia imaginado.

Pediu o prato do dia.

Ansioso pelo que pediu, batia o pé no chão e olhava para as pessoas ao lado. Justo o cara ao lado havia pedido Strognoff.

O prato do dia não lhe pareceu tão gostoso.

E aí, se identificou?

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Nostalgia.

Cansada de depender de sua capacidade criativa, foi procurar algo sólido. Estabilidade, previsibilidade, confiança são importantes em tempos de crise.

Quando conseguiu, decidiu recomeçar. Afinal, ainda estalava os dedos para o lado; apertava o cabelo com as duas mãos, para depois passar uma mão após a outra, acariciando o cabelo; olhava pra frente com olhar perdido e roia a unha do dedão. Uma graça.

Me dizia que havia mudado. E seus olhos ainda continuavam os mesmos. Ainda se abriam quando ouvia coisas bonitas, entristecia quando ouvia do dia-a-dia, e se perdia quando era esquecida.

Ainda me chamava pelo nome.

Não liguei no aniversario. Mandei uma mensagem. Também tinha mandado uma mensagem antes, mas ela mudou de celular.

No almoço, quando contei o ocorrido, ela esperou a chance. Viu que eu pus o celular em cima da mesa, e se interessou pela besteira dita.

-O barulho de abrir e fechar o celular é legal.

Ela ri, abre os olhos e mente. Ela disse que também gostava. Ela pega meu celular e começa a mexer. Finjo que não ligo, e não ligo mesmo. Mas eu sei. Ela estava confirmando se eu mandei a mensagem.

E ela se cansa. Se entristece, quer ir embora, mas sempre teve o cuidado para não ser rude.

Ela ainda é encantadora. Ela olha o relógio.

É hora de ir embora.

Ela não tinha olhado os rascunhos.