segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Insônia.

Não gosto das pessoas muito brilhantes, me cansam. Assim como o dia das 11 as 15. Dói a vista, sabe?

Não gosto das pessoas muitos escuras, me enfado. Assim como ficar em casa das 22 as 3.

E, o meu tempo favorito é a manhã, que é a única parte do dia que me faz pensar que as verdadeiras cores não estão no cinema; talvez pela cor do céu, ou pela pachorra das pessoas me dizerem bom dia; e é claro, eu responder de volta com outro. Só entende quem namora.

O problema - ah o problema!-, é que passo dormindo. Não sei se é para sonhar, ou se é para ter pesadelos.

Eu sou só tormento.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

A inclusão digital.

A primeira parte desse texto não importa.

Tempos de cursinho me lembra uma coisa: O treinamento (manipulação) baseado no marketing do nazismo, ou dessas coisas, quem sabe os comerciais de TV.

Repita! Repita! , e aí se torna verdade. E essa fase do aprender/acreditar (transição) é muito bem planejada. Quem não se lembra das caras e bocas ou aquele comentário, que no fundo é uma piada (gozando da nossa cara), bem colocado? ; aí vem o sentimento, pô! Como aquele cara é legal, o que ele diz deve ser verdade.

Aí, conseguimos sair do cursinho. Uns para a rua, outros para a faculdade. E quanta coisa a gente desaprende...

Dentre elas a inclusão digital.

Ah, como eu acho engraçado pessoas falando que estão fazendo computadores para os pobres. Por um taxa tão baixa por mês, que dá até para comprar três computadores iguais ou melhores no fim; sentimentos de nobreza sempre me comovem. Pelo menos, de bônus, tem o Silvio Santos, ou GRANDIOSAS ideologias como inclusão digital. O que é melhor do que se sentir incluído de algo que te excluiu?

Tem tanta gente falando nessa besteira, que eu acredito friamente nisso. Na minha cabeça, não há quem não conheça youtube ou Bill Gates. Apesar de que, conversando outro dia, uma amiga minha me perguntou quem era Steve Jobs. -obs: eu não sei metade dos nomes dessas pessoas também- Eu entro no Orkut e vejo um mooooooooonte de perfis de classe baixa. Como é que existem pessoas sem computador?

Eu até fiz uma redação no Enem falando sobre os milagres dos centros com zilhões de computadores e Lan houses que permitem tal inclusão digital.

Mas para que tudo isso?, digo, essa não-reflexão.

Então, vamos para a segunda.

A diarista cochichou para outra que havia um monitor na casa que trabalhava. E, claro!, pessoas que possuem uma pessoa para jogar seu lixo fora sempre tem o que descartar.

A diarista falou com a dona de casa sobre o “encostado” da mesa da sala e a convenceu a vendê-lo. E a convenceu que acharia alguém para comprar...por 5%.

No horário combinado apareceram, a compradora trouxe o marido para levar o monitor. Na porta de casa, um São Paulino com capacete de bicicleta e uma mulher com olheiras cansadas.

A dona-de-casa mostra o material, explica porque não está sendo usado. Não é porque ela tem um novo monitor de 200 polegadas, é porque a CPU quebrou. Oras.

Contou-lhe o preço, e o cara com capacete de bicicleta, orgulhosamente, tira 300 reais do bolso, em três notas de cem. Até perguntou com cara de espantado “A senhora não tem troco?”.

É um jogo.

E, devido a falta de necessidade, ele explica o porquê de comprar o monitor. Era para seu filho, o sonho de consumo do filho era um monitor de 17 polegadas. Quanta graciosidade.

Por causa da fragilidade do monitor, a ex-dona embala em papel bolha. E, sem garantia, disse que se batesse o monitor, ele quebraria. Fico até ansioso, o jogo tomou novas proporções.

A pressão da torcida, o sonho de seu filho, o troco, não fazer feio, o motivaram para não deixar barato. Respondeu, levantando a cabeça, que tinha um CPU que era mais frágil que o monitor. Queria, até, comprar uma nova CPU por causa disso, porque a capacidade do HD de 80 GB variava conforme batiam nele.

-Ele é frágil- repetia. Tinha que repetir, assim, ele estava incluído, e, respeitado.

Todos felizes agora, a filha da ex-dona com um jogo novo de 250 para WII, a ex-dona porque fez um bom negócio, o filho com seu monitor de 17, o pai, por realizar um sonho, e a amiga com seus 5%.

Tudo por um sonho.

z0/

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Inalienável.

Ok.

Todo mundo sabe que o mundo está acabando.

Todo mundo sabe que as coisas andam erradas.

Todo mundo sabe que há direitos inalienáveis.

Todo mundo sabe que nunca existiu para todos.

E, sempre, os maiores humanistas foram ricaços.

E dá-lhe ricaços nisso.

E, o resto, que diz acreditar ainda, estão bebendo cervejas nos bares. Eu me incluo nisso.

E dou risada e faço piada, das coisas que se devia chorar.

Às vezes, eu tenho crise de consciência. Mas aí, eu percebo que as pessoas riem das minhas piadas, e me sinto aliviado.

HAHA!

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Identidade.

Teve uma boa noite de sono.

Acordou, e no café da manhã pensou em almoçar strognoff.

No trabalho, atarefado, resolveu dar uma olhadinha nas notícias de seu time de coração.

Na hora do almoço, foi ao shopping, lembrando-se da vontade que tivera de manhã. Emaranhado de gente... e de opções. No caminho do strognoff, havia fotos e fotos das coisas mais gostosas que jamais havia imaginado.

Pediu o prato do dia.

Ansioso pelo que pediu, batia o pé no chão e olhava para as pessoas ao lado. Justo o cara ao lado havia pedido Strognoff.

O prato do dia não lhe pareceu tão gostoso.

E aí, se identificou?

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Nostalgia.

Cansada de depender de sua capacidade criativa, foi procurar algo sólido. Estabilidade, previsibilidade, confiança são importantes em tempos de crise.

Quando conseguiu, decidiu recomeçar. Afinal, ainda estalava os dedos para o lado; apertava o cabelo com as duas mãos, para depois passar uma mão após a outra, acariciando o cabelo; olhava pra frente com olhar perdido e roia a unha do dedão. Uma graça.

Me dizia que havia mudado. E seus olhos ainda continuavam os mesmos. Ainda se abriam quando ouvia coisas bonitas, entristecia quando ouvia do dia-a-dia, e se perdia quando era esquecida.

Ainda me chamava pelo nome.

Não liguei no aniversario. Mandei uma mensagem. Também tinha mandado uma mensagem antes, mas ela mudou de celular.

No almoço, quando contei o ocorrido, ela esperou a chance. Viu que eu pus o celular em cima da mesa, e se interessou pela besteira dita.

-O barulho de abrir e fechar o celular é legal.

Ela ri, abre os olhos e mente. Ela disse que também gostava. Ela pega meu celular e começa a mexer. Finjo que não ligo, e não ligo mesmo. Mas eu sei. Ela estava confirmando se eu mandei a mensagem.

E ela se cansa. Se entristece, quer ir embora, mas sempre teve o cuidado para não ser rude.

Ela ainda é encantadora. Ela olha o relógio.

É hora de ir embora.

Ela não tinha olhado os rascunhos.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Anti-heroí Brasileiro ou Biofobia.

A solidão adora companhia.

Então, saí da roda da conversa e fui fumar um cigarro.

*sigh*

ps: se você não entendeu, veja O Anti-herói Americano.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Conclusão.

Para ler esse texto, feche os olhos, tampe as orelhas, morda o lábio de cima e encoste a língua no céu da boca,

Ótimo!

Esqueça os amores, os amigos, a faculdade, o trabalho, o computador, o Orkut, os filmes, a ideologia. São só ilusões.

O real, o real!

O Real está na sua carteira.

Ainda bem que ela tem seis caras diferentes e é multiplicável.

Aleluia.

Sonhos e esperanças.

Depois de sua primeira tentativa de suicídio, sua família trocou os talheres por peças de plásticos. O copo de uísque ou de cerveja por descartáveis. E, quando sentava a mesa, a família inteira sorria e perguntavam uns aos outros se estava tudo bem e como foi o dia.

Começou a usar munhequeiras. Jogar tênis e falar de negócios parecia leve. O dia que foram pro putero, ou o uso de mão de obra barata e explorável sempre lhe pareceu mais fácil.

Foi atravessar a rua, e o motoboy quase o atropelou. Conseguiu se desviar, ainda bem.

Voltou para casa e não contou pra ninguém. Ver as pessoas tentando dar certo era a única maneira que podia ser, que deveria ser.

domingo, 23 de novembro de 2008

Cansei de ser sexy.

Metro é algo fascinante. Comprei o bilhete e fui em direção a catraca. Uma mulher, que provavelmente era pobre, trabalhadora, e que provavelmente não sabia falar inglês usava uma camiseta amarela e calça jeans. Ela era extremamente inconscientemente consciente sobre sua situação. Coisas que só acontecem com a sabedoria do bom senso, ou do senso comum, ou da aleatoriedade da vida, sei lá. Em sua camiseta amarela estava escrito: “I am a fashion victim”. Eu sabia... eu sabia....

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Sabedoria feminina.

Foi pra festa porque queria conhecer seus amigos. 1 mês de namoro, e não saber com quem ele anda, ou com quem deve competir?

E foi. Lembra da frase: “Diga-me com quem andas, que te digo quem tu és”. Se acalma.

No carro, no caminho de volta, confessa:

-Sabe? Eu gosto muito de você, da nossa relação...

Não sabe o que fazer, homens nunca sabem. Então, repete:

-Não, é claro. Eu também gosto muito de você. Você sabe, né?

Ah!, o truque masculino da pergunta na resposta sempre cai bem- pensa.

-Mas, eu gosto mesmo de você viu? É de coração. Não to brincando não.

-É, eu sei. E eu também não to mentindo não, viu?

A música fala mais alto, mas ela continua a fitá-lo.

Acha que a resposta não a convenceu, olhos inchados sempre fora seu ponto fraco. Porém, não sabia o que fazer.

-O que aconteceu?- será que ela não tinha gostado dos seus amigos? Não deve ter gostado da que usava saia.

-Nada...

-Vai me diz...- Mulheres gostam é de insistência.

-Nada...

-Tá tudo bem mesmo?- para ter certeza.

-Não né?! Você gosta mesmo de mim?!

-Gosto pra caramba, olha, eu te adoro. Te adoro mesmo.

Vira o rosto e põe a mão na cara.

Foi a primeira vez que ele disse eu te amo.

domingo, 16 de novembro de 2008

Deu saudadezinhas... ou Utopia ou O preferido do Amigo.

Por sua vida inteira, procurou o silêncio.

Nunca conseguiu escapar das batidas do seu coraçãozinho.

Surripiado. de fato. mas, deu saudade. hahaha

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Corações.

A olhava na busca por desastres premeditados e inevitáveis.

-Dois corpos nunca ocupam o mesmo espaço-tempo.

Não se importa.

Suas olheiras lhe encantavam. Os olhos mal maquiados e o cabelo levemente azedado não embelezavam a dor e as noites mal dormidas. Gostava disso.

Pensava que o que a paixão construiu; o amor, eventualmente iria destruir.

E era assim. A liquidez que o encantava, a consumia.

Pobre o rapaz que morre sem experimentar a selvageria do amor, e sortudo o que pode esquecer-se dela.

E tentou. E a execrou. Por todas as noites que passava sem dormir, e por todas as manhãs destinadas a acordar sem seu cheiro, sem seu coração, sem sua compaixão.

Perdera a fé. E se perguntava se aquilo realmente havia existido, pois a força de esquecer lhe parecida mais forte que a realidade. Menos forte que o poder da ironia, é verdade.

Crucificou seu coração. E o sepultou, para que nem o desejo da morte pudesse encontrá-lo. Para esquecer, para vagar. Entre o limbo, o purgatório, o mar.

O tormento aumentava. Como viver sem o que mais se deseja?

A vagueza de seu sem rumo se fazia em círculos. A volta da partida. Seu coração tinha nome. Retira e reaviva os pulsos de outrora. Sente-se perto.

Lembrar era o mais próximo que podia estar.

um texto bom.

Porra. Sabe o tipo de sentimento que se tem que dá até vontade de gritar de tanta alegria, ainda mais se o grito for um palavrão desmedido, descontrolado, daqueles que se fala no tesão do momento.

Que caralho! Merda. São poucas as sensações que se tem assim na vida. O time sendo campeão, entrar na faculdade; que seja, que for. Dá calafrios.

Sabe?!

Tenho vontade de pular da sacada da minha casa umas três vezes por semana. Tô cansado desse politicamente correto, daquele pessoal que jura com dois pés juntos, com a língua pra fora e mãos estendidas para não fazer figas escondidas, dizendo ser Idealista e que trabalha em banco, do sistema, de todas essas merdas que me fazem sentir sem sentido algum. São tantos os exemplos que posso fazer um mestrado sobre isso.

Isso me faz cada vez mais olhar pra cara de outros e saber que o outro é só mais um número ou uma letra de alfabeto, em conjunto ou não (odeio decorar nomes e datas), e que eu sou o mesmo pra eles.

E daí, tem-se aqueles momentos de sorte esporádica randômica sob a luz dos cosmos do signo do horóscopo chinês devido às fases da lua. Aqueles momentos que daqui a 10 minutos você pode esquecê-lo e que mesmo assim fez todo o maldito, ou bendito, sentido daquele momento, e quiçá, o resto da vida.

E puta que pariu. Era um texto de infância.

Outro dia eu escrevi uma carta pra minha irmã. Daqueles trabalhos mega-chatos e mega-bregas que a pessoa vai abrir daqui a dez anos. DEZ ANOS! Para saber o que alguém queria te dizer 10 anos atrás. Eu fiz uma carta linda. Dizia que ela ia pensar na infância, lembrar de mim, e de como a gente jogava videogame, e como eu a forçava a assistir filmes, que pra mim, formariam o caráter dela como pessoa, e a mudaria de profissão: de administradora (porque ela adora contar dinheiro) para alguém que faz audiovisual (é, eu não sei o nome da profissão), ou até mesmo (se a coisa não der certo) uma publicitária. Administradora NÃO! Puta caretice da porra ficar ouvindo administradores falando do banco e das malditas derivativas. MEU DEUS NÃO! E o mais importante, que a infância é o momento mais bonito da vida, porque é a único momento da vida que você pensa no futuro e tudo ainda parece possível. Eu adoro perguntar pra ela quando ela vai tocar violão tão bem quanto eu (ela começou agora), e ela diz sem humildade nenhuma que daqui um ano ela já tá melhor que eu. Também fico perguntando, você vai conseguir passar na prova? E ela diz que com certeza. Aí, como eu adoro essas coisas. Fazer o impossível parecer simples é a coisa mais bonita da vida. É essa coisa, tão insustentavelmente leve, que me faz pensar (só de vez em quando) que a vida é uma puta coisa fantástica e que vale a pena. Só por momentos como esse. É como quando você tá apaixonado e tem a certeza mais sólida do mundo de que aquele exato momento vai durar pra sempre (e que geralmente dura, mas de maneira diferente).

Pois é. Um monte de BABOSEIRA até agora pra falar que eu li uma história. Uma história muito bonita de infância, daquelas que só podem ser feitas por adultos, e que foi feita por uma pr(ofissão)etensão que desejo. Alguém que “Vive pra reclamar e reclama pra viver”.

Porra. Merda. Como a vida é bonita.

Segue o texto. E o blog.

Segundo turno ou A política das crianças
Outubro 13, 2008
Quando eu estava no colegial (o que hoje chamam de Ensino Médio), formamos uma chapa para o grêmio.
A chapa se chamava Crispan II.
Crispan porque o bedel do colégio se chamava Crispim. Era um negro barbudo, gente boa pra caralho.
Um dia ele apareceu na escola sem barba. Decidimos então que aquele era o Crispan, irmão gêmeo do Crispim. E a piada deu nome à chapa, num tipo de homenagem bizarra.
O II era porque no ano anterior tínhamos feito a Crispan I.
A Crispan era só pra tiração de sarro. Íamos de terno pra escola, com bíblias na mão e dinheiro pendurado caindo do bolso e passávamos de classe em classe com o lema “Não vote nulo. Se for pra desperdiçar seu voto, vote Crispan”.
Criamos cargos fictícios, como “Assessor para Assuntos Litorâneos na Hora das Aulas Vagas”, “Assessor de Moda, Esportes e Culinária” e assim ia.
Nos intervalos de aula, como forma de campanha, propusemos e concluímos com êxito um campeonato de jóquempô.
Na nossa plataforma, propostas como o fim da biblioteca para instalação de uma sauna mista; o fim da sala dos professores para instalação de uma academia; a montagem de um circuito de motocross no pátio; a criação de uma linha de metrô Escola - Santos, pras horas de aula vaga; a criação de uma bomba atômica, que defendíamos como arma para a paz e defesa contra os colégios concorrentes no mercado (era um colégio técnico); e o incrível sistema de rodízio de aulas vagas.
Esse sistema consistia em ter um ano de aula e um ano sem aula; nos anos com aula, um mês com aula e outro sem; nos meses com aula, uma semana com aula e outra sem; nas semanas com aula, um dia com aula e outro sem; nos dias com aula, uma aula sim e outra não; e as aulas sim seriam todas vagas.
E nos debates, onde ficavam 3 integrantes de cada chapa na mesa, promovíamos um show de coreografia: nossos 3 integrantes mudavam de “posição-de-tédio” na mesa ao mesmo tempo - mão na cara, 1, 2, 3, mãos cruzadas, 1, 2, 3, cabeça na mesa, 1, 2, 3 e assim por diante, uma coisa meio Monty Python; apresentamos uma proposta de esportes para “acabar com a ditadura dos saudáveis que jogam futebol” criando um incrível campeonato de sumô, cujos slides de apresentação chegaram na mala de nosso Assessor de Esportes, Tricô e Novelas que, por sua vez, chegou cercado de 5 “seguranças” e um monte de fotógrafos; e concluímos nossa fala cantando “um, dois, três indiozinhos” - isso sem falar nas perguntas pras outras chapas, “é verdade que sua mãe…” e coisas do tipo.
Toda essa palhaçada, somada ao fato de uma das outras chapas chamar-se X, o que remetia ao nome da professora mais temida da escola (de matemática, claro), a Márcia Xavier, carinhosamente chamada de Márcia X, e a outra chapa chamar-se “É nóis na fita”, num ótimo exemplo de como a escolha do nome de qualquer coisa que seja - principalmente dos seus filhos - deve ser um momento de bastante reflexão pra não fazer merda, nos levou a vencer as eleições.
O que fizemos depois de vencê-las?
Organizamos um campeonato de futebol (o que já seria feito mesmo sem grêmio) e acabamos com a gestão em menos de três meses - porque todo mundo estava ali pela palhaçada, ninguém tinha muito a ver um com o outro ideologicamente.
Porque escrevo tudo isso?
Pra dizer que a gente aprende desde criança que política é isso, que as eleições são e sempre serão uma piada, um circo.
Quem tiver os melhores palhaços, leva.
E quem não gostar de circo, ou tiver medo de palhaço, fica a ver navios.
Ou não.
Porque quando o governo estadual decidiu acabar com uma verba destinada às ETE’s (Escolas Técnicas Estaduais) que passava pela Fundação Paula Souza, que era quem administrava as mesmas, organizamos uma manifestação enorme junto às outras ETE’s para barrar a proposta.
Sem grêmio.
E quando a diretoria resolveu impor o uniforme obrigatório para todos os estudantes, nós, principalmente os que estavam no terceiro ano e não queriam gastar uma grana pra comprar um uniforme que só seria usado por mais seis meses, organizamos no mesmo dia em que passaria a valer a obrigatoriedade (a punição pra quem estivesse sem uniforme era ser mandado pra casa) o “Dia do Chique Brega”, em que todos iriam vestidos chique e brega, sem uniforme.
Um dia depois, estava revogada a obrigatoriedade. Até porque, a diretoria sabia, a gente sairia dali em seis meses e no ano seguinte eles não teriam mais resistência - hoje, me dá até uma tristeza quando vejo alguém com o uniforme da ETE no metrô.
Então, quando precisou, estávamos lá. Sem precisar de gente esperta e esclarecida pra dirigir.
A gente acha que criança serve pra aprender, ou melhor, a gente vive condicionando criança pra aprender, e só.
Não percebemos que na maioria das vezes elas estão aqui pra ensinar.
Ensinar como a vida é simples quando a gente olha pra ela com olhos de criança.
Sinceros, espontâneos. Maldosos às vezes.
Mas mais do que tudo, humanos.
Nada me dá mais agonia do que olhar pela janela de uma sala de aula e ver aquele mar de crianças prostradas, rosto enfiado no caderno, anotando meticulosamente o que diz o professor.
A imagem me lembra “A Classe Operária Vai ao Paraíso”.
Ainda bem que, no meio destas, sempre tem algumas dormindo.
Esse sim, o sono dos justos.
Um sonho do amanhã.
***
Antes que alguém pergunte ou afirme, SIM, no colegial ainda somos crianças.
Por mais que queiram nos fazer sentir adultos.
http://manihot.wordpress.com/

uma história legal, com comeco, meio e fim original.

é como eu, meu amigo, o B.B. King (e muitos outros escondidos por aí.. se apresentem!!) dizem:

Live the life you wanna live man, the life you wanna live.

Puta que Pariu. Vou fumar um cigarro, to com muito tesão. haha

(o primeiro nome do Durkheim é Emily).

Quando leu Durkheim, pensou:

-só uma mulher para perceber isso. Vivemos numa sociedade anêmica.

Deve ser por isso que não conseguia dormir. Ficava sentindo um vazio no coração e no bolso. Aí que dó!

Cansada do mal-estar decidiu comer; na verdade se empanturrar. Sentiu-se cheia.

Até deu soninho.

Quando foi dormir, teve pesadelos.

domingo, 2 de novembro de 2008

Aspirina.

Ele queria salvar o mundo, mas salvar de verdade. Tanto, que planejava todas, todas as ações que iria fazer quando se tornasse o senhor de tudo aquilo.

Na sexta, foi pro bar. Bebeu demais.

Sábado, ficou em casa, estava de ressaca. Perguntado se queria sair por aí pra ver o que era seu, disse que estava com gripe.

Gripe! A mentira mais usada para não ir à escola.

Who loves the sun?.

Era a década de 70. Século XX. Fazia chuva e ela não pôde sair. Tadinha.
Ela liga o rádio, e encosta a orelha.

“pa pa pa paaah, Who loves the Sun?”.

A semana inteira ficou cantando baixinho, como se fosse um disco, gostava de pensar.

E ela nem sabia falar inglês...

“Then one fine mornin' she turns on a New York station
She doesn't believe what she hears at all
Ooh, She started dancin' to that fine fine music
You know her life is saved by rock 'n' roll,
Yeah, rock n' roll
Despite all the computations
You could just dance to that rock 'n' roll station”

Gosto de pensar que só eu consigo entender essa frase.

...

Você também não faz o mesmo?

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Vida in Loco.

Liga a TV e roí as unhas. Nada melhor que emoções em terceira pessoa. Mas a bandeira tinha que ser justa a do São Paulo? Técnico falando sobre amor na televisão?

-No amor e no futebol não há razão- o marido havia sepultado isso no clássico da outra semana.

Ela desliga. Era muito forte para ela, abre a janela na varanda e fuma o cigarro. Suspira. Tenta fazer algo na cozinha, abre a geladeira, Sorvete! sabor morango, era época.

Pensa em como é bom fantasiar que é para sempre. Adorava pensar isso antes de casar. Não se contem e volta para a sala. Sente falta de ter sentimentos como este, se identifica com o seqüestrador. Loucuras de amor faziam falta na sua vida.

A menina volta? Não volta, ela torce. Pensa em seu marido, e pensa se mataria por paixão. Agora não, mas antes da aliança sim. Entendia o rapaz. Ele não era belo, não ia ter futuro, e tudo que podia fazer era apontar a arma na cabeça da amada e pedir um beijo apaixonado. A gente se agarra ao que pode ter.

Ela voltou. Sonia agarra a audiência, tem vontade que aquele momento nunca acabe. A terceirização nunca teve época melhor. Acha uma falta de vergonha esse show barato, mas não consegue deitar de tão incomodada que está. A consciência se confunde, quem é quem, e o que é o que.

Vê a foto das meninas na TV, uma era bonita, a outra tinha a boca grande demais. Não era a toa que ele desconfiava dela. Não agüento mais, Não agüento mais. Torturas psicológicas, ele pergunta aonde quer que seja o tiro.

-Invadi! Invadi caralho.

Barulhos de fogos de artifício. A vitíma olha para baixo. O assasino era seu Pai. Seu Pai.

Loucuras da vida.

Onde Deus errou.

humano hu.ma.no adj (lat humanu) 1 Que pertence ou se refere ao homem. 2 Humanitário. 3 Bondoso, compassivo, caridoso. sm pl O gênero humano, os homens, os mortais.

homem ho.mem sm (lat homine) 1 Ser humano em geral; o homem é um mamífero bípede, dotado de inteligência e linguagem articulada. 2 Indivíduo da espécie humana. 4 A humanidade. 6 Aquele que procede com madureza, que tem experiência do mundo. 7 Aquele que possui em alto grau os distintivos da hombridade: Só ele era homem para enfrentar tal perigo. 8 pop Espécie de jogo de rapazes. 9 Pessoa de quem se trata.

Foi no conceito, meu chapa.
No conceito.

Exatamente errado.

"Se cada segundo de nossa vida deve se repetir um número infinito de vezes, estamos pregados na eternidade como Cristo na cruz. Que idéia atroz! No mundo do eterno retorno, cada gesto carrega o peso de uma insustentável leveza. Isso é o que fazia com que Nietzsche dissesse que a idéia do eterno retorno é o mais pesado dos fardos. Se o eterno retorno é o mais pesado dos fardos, nossas vidas, sobre esse pano de fundo, podem aparecer em toda a sua esplêndida leveza.Mas, na verdade, será atroz o peso, e bela a leveza?"

A insustentável leveza do ser - Milan Kundera

"Fazer, todos os dias, as mesmas coisas e esperar resultados diferentes é a maior prova de insanidade"

Albert Einstein

A escolha é algo estúpido.

Bankrupt

-é… seu perfil me agrada, mas temos muitos candidatos tão bons como você. Por que devo escolher você?
-Porque sou muito inteligente e muito criativo.
...

-E sou muito irresponsável! Irresponsável!

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

In God we trust.

Estava cansado de ver o narcisismo dos homens; criou a barata, para lembrá-los que não são evoluídos como pensam.

Nem que são tão sujos...

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Fell in love with a girl.

Adorava borboletas coloridas e livres.

Decidiu aprisionar no estômago porque era um presente.

Mal sabia que as borboletas só vivem um dia, e que, no estômago, ia dar diarréia.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

R.G./ CPF, sou Brasileiro.

O melhor do Brasil é o brasileiro.
Povo que não desiste nunca.

Te pergunto.

Quem são os que vencem sempre e desistem primeiro?!

And then POP! goes my heart.

Não era do champagne que ela gostava, era da sensação de poder beber champagne. Fazia bicos e caras para pronunciar a marca e o tecido. O glamour era tudo.

Conseguiu uma viagem para Europa. UAU! Viu os castelos, os museus, as pessoas... Mas o que lhe interessou foi a comida barata e farta de Portugal que lembrava o Brasil.

E voltou. gostando de salaminho, cerveja barata, e Habib’s aos fins de semana.

O mundo era dela. Tinha virado populista.






ai! que vontade de rir.

A gente sonhava em ser. Que pena.

Primeiro ano de faculdade. Nervos a flor da pele, porque o cérebro já não funciona tão bem.
Diários de motocicleta. era tão bom sonhar com um mundo que coubesse na nossa mão devido a globalização.
Centro acadêmico. Politizados, queríamos aprender a fazer política; aprendemos a sermos frustrados.
Revolucionária. Ser humanista era algo bom, agora é algo risível. Pelo menos serve para uma boa piada.
Sonhadora. A última coisa a nos abandonar, porque esse nos segue, mesmo que em forma de pesadelo.
Marxista. A gente gostava porque ninguém gostava, e a maioria do que ele disse, nunca saiu de sua boca, mas deumoutro.
Cigarro. Ficávamos angustiados, mesmo que fosse bom no começo, a gente se tornou dependente depois.
Rotina. Viramos banqueiros, e morremos em todo dia-a-dia.

pena.

domingo, 12 de outubro de 2008

Quero ser grande.

Ele, ensinava sobre a vida.

Ela, ensinava a vida.

Toda a noite esperava ansiosa, com olhos de desejo, o que ele mais gostava nela.

Ele agia como criança, atrás dos olhos escondidos pelos óculos, o que ela mais gostava nele, a inocência.

Mundos diferentes sob a mesma superfície, se indagavam quando e o porquê. Sabiam que aquilo tinha tempo e espaço para acabar.

De um lado, alguém que largaria tudo por um propósito.

Do outro, alguém que nunca largaria tudo pelo outro.

O abraço foi longo, e o beijo sem fôlego. Estavam cansados.

Ganharam e perderam o melhor que eles tinham.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Cigarros e mentiras.

Queria ser Amelie Poulain, francesa, e com a testa aparecendo por causa do corte de cabelo. Procurou um namorado para que pudesse fazer jogos e surpresas, e tentava salvar o mundo para ele se lembrar dela.

Só não achava uma coisa: um jeito de relaxar. Tentou jogar pedras no lago, estourar bolhas de plástico, e beber. Falhou.

Não achando sua válvula de escape, se descontenta com o mundo. Ele não era verde e vermelho vibrante, nem tão vivo como no filme, e é claro, o orgasmo não a fazia gritar. Via pessoas falando sobre o cigarro e como esse fazia elas relaxarem. Pensou em Amelie.

A primeira foi um desastre, tossiu e achou aquilo com gosto de esgoto. No entanto, estava desesperada para escapar e se desmanchar do mundo. Na quinta vez a fumaça fez cócegas em sua garganta. Era isso! Seus ombros relaxaram e o mundo adquiriu cores novamente.

Começa a fumar freqüentemente, constantemente, alucinadamente. E durante o dia inteiro procurava uma maneira de inspirar fumaça.

Chega o inverno. Seus lábios mais secos que o normal e o contato com o papel. Acabaram por rachar. Passou a mão no lábio e viu seu sangue: Vermelho! Achou linda aquela cor, e para comemorar acende outro cigarro, este também mudava de cor, se humanizava com seu sangue. Tudo era lindo.

O sangue estancou, as feridas aumentaram, e seu lábio virou roxo. Gostava era do vermelho vibrante, e não do roxo doentio. Usava batons carregados, e para disfarçar, usava um lenço verde e óculos escuros. Amelie parecia uma vadia.

Apesar de fumar e ter um escape temporário da realidade, não escapava da memória do primeiro arranhar de garganta. Queria sentir aquilo novamente. Tentou cigarros de palha, esquentar o tabaco numa fogueira, mas o mundo conspirava contra ela.

Acabaram seus cigarros e foi comprá-los. Usou seu carro, era melhor que uma motocicleta, e a Amelie perdoaria seu meio de condução. Ele enguiça. Gira a chave com mais forca, estava perturbada e fora do controle. Ouve um barulho alto de explosão. Sai do carro e vai conferir atrás. Olhava a fumaça preta do escapamento e delirava. Precisava daquilo. Olha para os lados para ver se alguém estava olhando; não gostava de ser interrompida no seu momento de relaxar.

Tudo bem. Respira fundo.

Bota a boca naquele cano, lembra do gosto de esgoto daquele dia. Lembra da fumaça acariciando suas papilas gustativas. Lembra de Amelie jogando pedras no lago. O mundo não lembra dela.

Teve uma morte tranqüila.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Macabeia e seu primeiro amor.

-Que horas são?

-Onze e cinqüenta. – que besta e que inocente pensa.

...

-E agora?!

-Agora é hora nenhuma.

-Existe isso?

-Meia noite Macabeia, Meia noite!

-E o que isso significa?

-Significa que o mundo começa agora.!- Sua doida, grita por dentro.

-Devo comemorar ou ficar triste?

-Não faca perguntas difíceis... MACABÉA!

domingo, 5 de outubro de 2008

A Távola quadrada e o amigo, e os cinco anos.

Havia algum tempo que não se reuniam. Haviam passado tempo demais consigo mesmos. Mas a reunião era oportuna, a despedida de um amigo. E pensavam consigo mesmos como era estranho se reunir numa despedida.

Nervos afotoitos, mas tudo bem. Era uma questão de amizade, nada comprometedor.

A estrela da noite chegara antes, a festa era dele, por que não chegar antes? Mas não podia chegar sozinho, então liga pro amigo mais próximo dali. Oferece carona e tudo parece bem.

Chegam aos pingados, já não vinham de ônibus, nem com seus pais. Alguns traziam amigos, outros amantes... Eram outros tempos.

Ah!. E como gostavam de histórias passadas. Lembravam-se de histórias de outros tempos, onde não eram cúmplices, eram somente amigos, e ainda era legal gorfar, era novo!
Se orgulhavam de sua originalidade, de sua perspicaz naturalidade. Ainda eram jovens nas éstorias do passado.

Algumas soavam sinceras e próximas; incomodavam os amantes ou os agregados, mas contagiavam os demais. Era uma após a outra. Comemoravam a existência de si para os outros. Evitavam outras, é claro. A verdade ou os futuros que poderiam existir eram duros demais com eles. Alguém sugere um nome, advérbio, adjetivo... tudo bem, um silêncio entre amigos era a prova de sua amizade, ou do amadurecer. E lembravam de como as músicas faziam tudo aquilo ter algum sentido.

Alguém deixa escapar; era o fim do mundo. Muitos pensam em continuar o pretérito perfeito, e dar risada. Mas todos optam por deixar aquilo desfocado, o silêncio....

Entreolham-se.

Ficam quietos, e começam a aleatoriedade; -Um brinde a amizade! um ou outro sugere.

A noite poderia perdurar a eternidade, e mesmo assim, soaria nova, como em todas as outras aventuras que eles buscavam. Era um momento de nostalgia.

Porém, mesmo que haja um brinde com a garrafa, ela terá fim, logo, à noite também a terá.
Se apega as suas lembranças, abaixa a cabeça, lembra do número de amigos que têm no Orkut, e pensa:

-Sou uma pessoa feliz.

Se emociona, abaixa a cabeca na mesa com a mão na testa. Dois vão ao seu lado e tentam abraçá-lo, era um blefe. A realidade estava no chão. Havia deixado sua marca no bar.

Boa viagem amigo, amigos, e todo o mais.

domingo, 28 de setembro de 2008

As mentiras que os homens contam.

Odiava baladas, mas foi. Pedia licença com um toque no ombro, e as pessoas olhavam pra ele, talvez em busca de romance. No entanto, seu alvo era um só: o Bar. 3 da manhã e não agüentava mais, suava frio de vez em quando, mas tudo bem; tinha um copo de cerveja gelada. Não tinha assunto para conversar com os outros, e bebia mais rápido e ia mais pro bar. Na fila da cerveja, duas meninas o empurram, fica bravinho, mas não gostava de fazer drama na balada, olhou para elas, suspirou, olhou para cima, pensou no motivo de merecer tudo aquilo, e fez uma carinha de bravo.

Elas sorriram, viram que ele ficou bravinho, e começaram a atiçá-lo. Perguntaram a faculdade, e começaram a cantar. A mais embriagada, é claro, começou a se esfregar nele. Tudo bem, ele pensou. Mas a outra era mais cativante, menos bonita, mas mais cativante. Acabaram se beijando. Quando estava cansado daqueles beijinhos, se encheu de atitude e disse:

-Vamos para aquele muro escuro?- como eu sou idiota, respondeu a si mesmo.

Ela só acena com um sorriso. Beijaram-se por uma hora. Ficou preocupado, pois estava de carona. Olhou pro celular buscando as horas e uma ligação que o dispensasse daquilo tudo. Tomou coragem e disse que tinha que ir. Ela pegou no seu pau. Voltou a por seu celular no bolso e se entregou ao beijo novamente. Cansado, queria sair daquilo lá. Separou-se dos lábios, ela percebe, e indaga:

-Vamos ao banheiro? É sussa...

Olha pro celular, pensa no que está acontecendo, e decidi ir embora.

Encontra os amigos, se anima, vai embora, e no meio do caminho solta:

-Peguei uma mina, ela pegou no meu pau, e me chamou pro banheiro.

As Mentiras que as mulheres contam.

Estava a fazer massagem nos amigos. Outro estava sentando, emputecido com a situação, não agüentava ficar sobrando no quarto, e vendo-a ignorá-lo. Decidiu sair para fumar um cigarro. Ela entristece, olha pra alguém que confia, e esse acena com a cabeça. Ela decidi ir atrás do fumante. Ele a vê, fica com raiva, mas não fuma, sabia que ela não gostava de fumaça. Ela segurava uma latinha na mão, e foram para a varanda. Começa a beber rápido, para ficar vermelha. Balbucia:

-Estou bêbada.

Ele a vê, acha a situação ridícula, mas continua com o drama. Ela começa a se jogar nos braços dele, queria ter a certeza que era o centro da atenção, e sorria quando ele a pegava. Olhou pra baixo, seus olhos incharam, tomou coragem e disse:

-Eu gosto de você.

Ele toca seu rosto, acha graça, meche no cabelo e nos lábios. Tinha ganhado seu coração.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Só as mães são felizes.

Nunca teve uma boa relação com a mãe. Mas, tinha começado a trabalhar justo um mês antes do Dia das Mães. Dessa vez comprarei um presente legal, pensou. Lembrou da sua mãe quando era criança, ela gostava de cuidar das orquídeas mesmo que elas morressem um mês depois. Me acalma, ela dizia. Falou com o atendente:

-Você tem orquídeas?

E comprou a mais bela das orquídeas que tinha visto. Olhando, ela parecia alta, refinada e branca. Era essa.

Voltou para casa, e a pôs em cima da mesa. Ela adorou. Nos dias seguintes a via tirando fotos da orquídea sem parar, sabia que elas morreriam mais, e mais rápido por causa do Flash. Disse para a mãe:

-Não tire tantas fotos da orquídea, Mãe...elas vão morrer mais rápido.

-Tenho que aproveitar enquanto estão bonitas.

Jantou batatas. E a orquídea, tão vistosa que era, morreu.

Um mês depois, cansado e estafado do trabalho, viu uma grande foto pendurada na parede. Era ela, seu presente. Procurou sua mãe, e deu um abraço sincero pela primeira vez na vida...

O Velvet Underground e o Ipod.

Gabriela tinha 15 anos e era tímida, e nunca pedia o que queria ganhar no natal. Dado natal ganhou um Ipod. Nem gostar de música gostava, na verdade. Para não aborrecer seus pais, pegou os discos velhos de bossa nova e ouvia no caminho para a escola. Na escola, sentava no canto, perto da porta, assim saia mais rápido da sala quando a aula terminasse, e quem entrava na classe não podia a ver, afinal, estava atrás da porta. Um dia, Raúl, um cara que ela odiava, sentou ao seu lado, viu seu ipod, e sugeriu que ela ouvisse a banda que estava estampada na sua camiseta, que tinha usado por três dias seguidos, pensou ela. Ela fez que sim com a cabeça, mas nem prestou atenção. Prestativo, e sabendo que nada ia acontecer, Raúl grava um cd para ela passar para o Ipod. Apesar de odiá-lo, não queria que ele a odiasse, e pôs as musicas no seu ipod.
Numa bela manhã, ligou seu ipod, clicou no Random, e soube pensando que sabia, ela era Rockeira. Logo, começou a beber.
Completou 18 anos, e entrou na faculdade de história. Saiu nas ruas de São Paulo em busca de seus sonhos, e caiu na Rua Portugal. Na aula do dia seguinte, de ressaca, descobriu que Mussolini não veio ao Brasil porque sua esposa estava grávida, e que Hitler queria, no fundo, ser um artista. Num momento de epifania, pensou, quero ir para a Europa. Lembrou do dia que estava em busca de seus sonhos, e que caiu na Rua Portugal, portanto, Portugal será.
Chegou lá, não achou nada demais. Numa noite, cedendo a pressões de amigos foi a balada. Tocou Rock. Viu Raúl no MSN e disse: Aqui tem balada de Rock, e dormi as 7 da manhã.
Dali em diante, nada mais importava; sabia: “Sua vida tinha sido salva pelo Rock’n’Roll”; e pelo Ipod com sua função Random.

Mostra a sua cara.

A gripe chegou aos EUA. Mas tudo bem, a reunião aconteceu do mesmo jeito, afinal, eram marxistas, e estavam cansados de serem explorados. No meio do discurso: a euforia; sabiam o que mereciam, um aumento de salário. Decidiram que pela manhã, entrariam em greve, e fechariam os estabelecimentos onde trabalhavam. Tudo resolvido. Imprimiram faixas, mobilizaram os outros funcionários, contrataram até funcionários terceirizados; e às cinco da manhã estavam todos prontos pra guerra. Em frente as suas empresas faixas e protestantes que impediam a entrada de pessoas, só deixando entrar as pessoas com que eles se identificassem: os explorados. 11 horas da manhã, ligam o som. Aparecem os funcionários terceirizados, os palhaços. Cantavam alto e se equilibravam nas pernas de pau, finas e altas. “Sou cowboy! Cowboy fora da Lei”, a greve eram dos bancários. Do outro lado da rua, até acho graça, coisas como essa só acontecem no Brasil. E os palhaços começam a cantar:

-Plunct! Plact! Zum!
Não vai a lugar nenhum.

E sei, não queria estar em nenhum outro lugar.

Até a outra vez, eu penso.

Mostra a sua cara.

A gripe chegou aos EUA. Mas tudo bem, a reunião aconteceu do mesmo jeito, afinal, eram marxistas, e estavam cansados de serem explorados. No meio do discurso: a euforia; sabiam o que mereciam, um aumento de salário. Decidiram que pela manhã, entrariam em greve, e fechariam os estabelecimentos onde trabalhavam. Tudo resolvido. Imprimiram faixas, mobilizaram os outros funcionários, contrataram até funcionários terceirizados; e às cinco da manhã estavam todos prontos pra guerra. Em frente as suas empresas faixas e protestantes que impediam a entrada de pessoas, só deixando entrar as pessoas com que eles se identificassem: os explorados. 11 horas da manhã, ligam o som. Aparecem os funcionários terceirizados, os palhaços. Cantavam alto e se equilibravam nas pernas de pau, finas e altas. “Sou cowboy! Cowboy fora da Lei”, a greve era dos bancários. Do outro lado da rua, até acho graça, coisas como essa só acontecem no Brasil. E os palhaços começam a cantar:

-Plunct! Plact! Zum!
Não vai a lugar nenhum.

E sei, não queria estar em nenhum outro lugar.

Até a outra vez, eu penso.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Corre cotia. (inspirado em fatos reais)

Belo tinha 10 anos. Era aluno de escola particular, não era muito popular, mas era amigo do mais popular.

Levantou a mão para ir ao banheiro, na verdade só queria assistir cinco minutos a menos de aula. Concedido. Rumou ao banheiro pensando num assunto para conversar com seus amigos no recreio.

Chegou ao banheiro, e vê Wagner, desolado. Numa tentativa de afeto, falou baixinho:

- não chora... Por que está chorando?- na conhecida fraternidade de crianças ao ver outra chorando.

- não tenho amigos, ninguém gosta de mim...- murmurava em lágrimas.

Belo, ouviu o garoto, se assustou, foi para a sala correndo, sentou do lado de seu amigo mais popular e contou:

- Wagner está chorando no banheiro porque não tem amigos!

ps: não sei quando e onde me contaram, e nem do porquê eu me lembrei dela.

Minha vida de cão.

Frederico tinha uma vida boa. Comida, casa, água, roupa lavada e tudo mais. Alguns até diziam que era um bon vivant. Saia por aí se divertindo, e de vez em quando dava até sorte com o gênero feminino. Tinha até boa postura.

No entanto, achou a mulher errada, e pensou que era a certa. Nunca a tinha visto, mas um carinho no seu cangote o fez apaixonar subitamente. O pescoço sempre foi seu ponto fraco. No que ela conduziu-o até um quarto. Era verde e frio, e tinha uma cama de metal. Ela o amarrou, Fred pensou ter dado a sorte grande. Nunca tinha tido uma experiência como aquela... Quando a viu colocando uma luva plástica teve certeza:

-É a mulher da minha vida- pensou por dentro.

A mão passou por sua cabeça, desceu pelos pêlos do peito, e chegou a seus órgãos genitais. Teve um calafrio, que bom aquela cama gelada e aquela mão tocando seu corpo. No meio daquela estremecida, VUPT, o tinham castrado.

Voltou para sua casinha, e deitou em posição fetal.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

My hips don't lie.

John estava no bar a discutir as relações amorosas. Não havia tais palavras para ele.
Dizia alto, do jeito que só podia ser:

-Sou mais azedo que limão espremido. E olhe que eu adoro limão... Além de azedo sou amargo.

Desenhava, palavra por palavra, seu discurso. E que discurso.
Do que se junta, não mais que de repente, uma menina. Thalita tinha um sorriso lindo e uma bolsa que se ganha fazendo trabalho voluntário. Ela era uma humanista.
Perguntada sobre seu sonho, respondeu de bate-pronto:

-Não quero me odiar, fazer a coisa certa.

Nisso, os olhos já cansados de John começava a brilhar, sua cabeça rodava, e murmurava que estava embriagado. As mãos se entrelaçavam, e num brinde qualquer, as bocas sedentas se encontraram. Um beijo furioso, meio que caótico. Se atraiam, e por mais que estranho que parecia ser, trocavam carícias e beijos. Manhosa, ela tirava o braço de John para que ele colocasse de volta. Ah... eram tempos de morango, ela sonhava.

A cerveja não parava de vir, e os chamegos também não. Roçavam os narizes, as coxas, as bocas...

Dada hora, John abaixou a cabeça, notou que tinha bebido demais. Mas os amigos, cansados e atônitos, decidiram ir embora. John e Thalita estavam de carona. Ela, é claro, levantou primeira e foi na frente, no que ele, pelo contrário, correu atrás dela, segurou sua mão, e beijou a sua testa. Por acaso, se é que esse existe, estavam no mesmo carro. Os amigos foram juntos para verificar se John estava em condições de não vomitar enquanto o carro balançasse.

E de um jeito assim, sem mais nem menos, levantou a cabeça e se dirigiu a porta da frente do carro. Thalita, mal acostumada que é, indagou:

-Você vai na frente? Que cavalheiro hein? – com aquela voz de dengosa e que queria um chamego.

John, como um hábil atacante, olhou para ela, pôs os óculos na cara e lhe aplicou a finta.

-Quer ir na frente? Então vá...

John estava de volta. Sóbrio, como um limão ressecado caído da árvore.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Mariana foi pro mar.

Felipe foi tirar o visto na segunda-feira no consulado Americano. Nesse processo, ele foi entrevistado por Margareth, que ao checar seu passaporte, perguntou para ele: O que você foi fazer na Rússia? Ele abriu um sorriso, passou algumas memórias na cabeça dele, e respondeu: Um mochilão!

-Mochilão?!

-É. Você pega uns amigos, uma mochila, e saí por aí viajando.

-Que legal...

Margareth foi pra casa e ficou a pensar no significado de mochilao. Chegou à conclusão de que a vida não podia ser mais bonita. Dormiu e sonhou com uma mochila grande levando ela e seus amigos por aí.

Cinco da manhã, BEEP!!!!!!!!!!!!! BEEP!!!!!!

É... a vida não podia ser tão bela assim...

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Where it's sore

Vi a reportagem de um escritor famoso há muito tempo. Não lembro o nome, nem quem era. Mas lembro de terem lhe perguntado se acreditava na felicidade, no que ele respondeu não. Ele disse que existiam momentos em que se sentia bem, mas felicidade não sabia nem o porquê da existência dessa palavra. E foi além. Disse que se realmente existisse felicidade para ele, “isso” seria a inquietação. No que fui procurar o significado dessa palavra.
inquietação in.qui.e.ta.çãosf (lat inquietatione) 1 Falta de quietação, de sossego. 2 Estado de inquieto. 3 Agitação, excitação, sugestionabilidade e instabilidade geral do comportamento. I. social, Sociol: atividade coletiva a esmo, descoordenada, incoerente, acompanhada de emoções perturbadas e distorções de imaginação e mesmo de percepções, e que se origina em situação de desconforto, ações frustradas, impulsos reprimidos, incertezas, senso de mal-estar, por não servirem mais os hábitos e costumes anteriores para se enfrentarem com êxito as novas condições da vida. Var: inquietamento, inquietude.

E olha só o que se acaba achando:
"NÃO TENHO TEMPO PARA MAIS NADA, SER FELIZ ME CONSOME MUITO"
Até depressivos tem tempo de ser felizes...
Lamento. Não posso fazer nada...

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

O caderno

- Vou ter raiva de mim se um dia eu a esquecer.
- Relaxa, tem coisas que a gente não esquece.

E é assim que começa meu primeiro post, com um telefonema. E é com essa motivação que eu escrevo esse blog.

Pois olhe que curioso ! Hoje fui ler jornal na biblioteca e me deparei com uma exposição de jornais antigos. Nessa mostra havia a capa dos números mais relevantes do jornal. O que eu achei mais curioso era o número de páginas do jornal, 10 míseras páginas, mas que de míseras não tinham nada, afinal fizeram a historia como ela é lembrada.

Hoje você pode falar ao telefone enquanto dirigi, ouve música, fuma um cigarro, e se aborrece por causa do trânsito. E quantas dessas coisas vão fazer diferença na sua vida? O material infinito na internet, as múltiplas e diferentes relações interpessoais do cotidiano... O que você não vai ignorar (in)conscientemente? Deixar uma vida em branco...

Para que não se esqueça, para que não seja irrelevante...
Escreva bem, escreva mal, mas escreva em mim.