quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

A inclusão digital.

A primeira parte desse texto não importa.

Tempos de cursinho me lembra uma coisa: O treinamento (manipulação) baseado no marketing do nazismo, ou dessas coisas, quem sabe os comerciais de TV.

Repita! Repita! , e aí se torna verdade. E essa fase do aprender/acreditar (transição) é muito bem planejada. Quem não se lembra das caras e bocas ou aquele comentário, que no fundo é uma piada (gozando da nossa cara), bem colocado? ; aí vem o sentimento, pô! Como aquele cara é legal, o que ele diz deve ser verdade.

Aí, conseguimos sair do cursinho. Uns para a rua, outros para a faculdade. E quanta coisa a gente desaprende...

Dentre elas a inclusão digital.

Ah, como eu acho engraçado pessoas falando que estão fazendo computadores para os pobres. Por um taxa tão baixa por mês, que dá até para comprar três computadores iguais ou melhores no fim; sentimentos de nobreza sempre me comovem. Pelo menos, de bônus, tem o Silvio Santos, ou GRANDIOSAS ideologias como inclusão digital. O que é melhor do que se sentir incluído de algo que te excluiu?

Tem tanta gente falando nessa besteira, que eu acredito friamente nisso. Na minha cabeça, não há quem não conheça youtube ou Bill Gates. Apesar de que, conversando outro dia, uma amiga minha me perguntou quem era Steve Jobs. -obs: eu não sei metade dos nomes dessas pessoas também- Eu entro no Orkut e vejo um mooooooooonte de perfis de classe baixa. Como é que existem pessoas sem computador?

Eu até fiz uma redação no Enem falando sobre os milagres dos centros com zilhões de computadores e Lan houses que permitem tal inclusão digital.

Mas para que tudo isso?, digo, essa não-reflexão.

Então, vamos para a segunda.

A diarista cochichou para outra que havia um monitor na casa que trabalhava. E, claro!, pessoas que possuem uma pessoa para jogar seu lixo fora sempre tem o que descartar.

A diarista falou com a dona de casa sobre o “encostado” da mesa da sala e a convenceu a vendê-lo. E a convenceu que acharia alguém para comprar...por 5%.

No horário combinado apareceram, a compradora trouxe o marido para levar o monitor. Na porta de casa, um São Paulino com capacete de bicicleta e uma mulher com olheiras cansadas.

A dona-de-casa mostra o material, explica porque não está sendo usado. Não é porque ela tem um novo monitor de 200 polegadas, é porque a CPU quebrou. Oras.

Contou-lhe o preço, e o cara com capacete de bicicleta, orgulhosamente, tira 300 reais do bolso, em três notas de cem. Até perguntou com cara de espantado “A senhora não tem troco?”.

É um jogo.

E, devido a falta de necessidade, ele explica o porquê de comprar o monitor. Era para seu filho, o sonho de consumo do filho era um monitor de 17 polegadas. Quanta graciosidade.

Por causa da fragilidade do monitor, a ex-dona embala em papel bolha. E, sem garantia, disse que se batesse o monitor, ele quebraria. Fico até ansioso, o jogo tomou novas proporções.

A pressão da torcida, o sonho de seu filho, o troco, não fazer feio, o motivaram para não deixar barato. Respondeu, levantando a cabeça, que tinha um CPU que era mais frágil que o monitor. Queria, até, comprar uma nova CPU por causa disso, porque a capacidade do HD de 80 GB variava conforme batiam nele.

-Ele é frágil- repetia. Tinha que repetir, assim, ele estava incluído, e, respeitado.

Todos felizes agora, a filha da ex-dona com um jogo novo de 250 para WII, a ex-dona porque fez um bom negócio, o filho com seu monitor de 17, o pai, por realizar um sonho, e a amiga com seus 5%.

Tudo por um sonho.

z0/

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