segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Nostalgia.

Cansada de depender de sua capacidade criativa, foi procurar algo sólido. Estabilidade, previsibilidade, confiança são importantes em tempos de crise.

Quando conseguiu, decidiu recomeçar. Afinal, ainda estalava os dedos para o lado; apertava o cabelo com as duas mãos, para depois passar uma mão após a outra, acariciando o cabelo; olhava pra frente com olhar perdido e roia a unha do dedão. Uma graça.

Me dizia que havia mudado. E seus olhos ainda continuavam os mesmos. Ainda se abriam quando ouvia coisas bonitas, entristecia quando ouvia do dia-a-dia, e se perdia quando era esquecida.

Ainda me chamava pelo nome.

Não liguei no aniversario. Mandei uma mensagem. Também tinha mandado uma mensagem antes, mas ela mudou de celular.

No almoço, quando contei o ocorrido, ela esperou a chance. Viu que eu pus o celular em cima da mesa, e se interessou pela besteira dita.

-O barulho de abrir e fechar o celular é legal.

Ela ri, abre os olhos e mente. Ela disse que também gostava. Ela pega meu celular e começa a mexer. Finjo que não ligo, e não ligo mesmo. Mas eu sei. Ela estava confirmando se eu mandei a mensagem.

E ela se cansa. Se entristece, quer ir embora, mas sempre teve o cuidado para não ser rude.

Ela ainda é encantadora. Ela olha o relógio.

É hora de ir embora.

Ela não tinha olhado os rascunhos.

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