segunda-feira, 10 de novembro de 2008

um texto bom.

Porra. Sabe o tipo de sentimento que se tem que dá até vontade de gritar de tanta alegria, ainda mais se o grito for um palavrão desmedido, descontrolado, daqueles que se fala no tesão do momento.

Que caralho! Merda. São poucas as sensações que se tem assim na vida. O time sendo campeão, entrar na faculdade; que seja, que for. Dá calafrios.

Sabe?!

Tenho vontade de pular da sacada da minha casa umas três vezes por semana. Tô cansado desse politicamente correto, daquele pessoal que jura com dois pés juntos, com a língua pra fora e mãos estendidas para não fazer figas escondidas, dizendo ser Idealista e que trabalha em banco, do sistema, de todas essas merdas que me fazem sentir sem sentido algum. São tantos os exemplos que posso fazer um mestrado sobre isso.

Isso me faz cada vez mais olhar pra cara de outros e saber que o outro é só mais um número ou uma letra de alfabeto, em conjunto ou não (odeio decorar nomes e datas), e que eu sou o mesmo pra eles.

E daí, tem-se aqueles momentos de sorte esporádica randômica sob a luz dos cosmos do signo do horóscopo chinês devido às fases da lua. Aqueles momentos que daqui a 10 minutos você pode esquecê-lo e que mesmo assim fez todo o maldito, ou bendito, sentido daquele momento, e quiçá, o resto da vida.

E puta que pariu. Era um texto de infância.

Outro dia eu escrevi uma carta pra minha irmã. Daqueles trabalhos mega-chatos e mega-bregas que a pessoa vai abrir daqui a dez anos. DEZ ANOS! Para saber o que alguém queria te dizer 10 anos atrás. Eu fiz uma carta linda. Dizia que ela ia pensar na infância, lembrar de mim, e de como a gente jogava videogame, e como eu a forçava a assistir filmes, que pra mim, formariam o caráter dela como pessoa, e a mudaria de profissão: de administradora (porque ela adora contar dinheiro) para alguém que faz audiovisual (é, eu não sei o nome da profissão), ou até mesmo (se a coisa não der certo) uma publicitária. Administradora NÃO! Puta caretice da porra ficar ouvindo administradores falando do banco e das malditas derivativas. MEU DEUS NÃO! E o mais importante, que a infância é o momento mais bonito da vida, porque é a único momento da vida que você pensa no futuro e tudo ainda parece possível. Eu adoro perguntar pra ela quando ela vai tocar violão tão bem quanto eu (ela começou agora), e ela diz sem humildade nenhuma que daqui um ano ela já tá melhor que eu. Também fico perguntando, você vai conseguir passar na prova? E ela diz que com certeza. Aí, como eu adoro essas coisas. Fazer o impossível parecer simples é a coisa mais bonita da vida. É essa coisa, tão insustentavelmente leve, que me faz pensar (só de vez em quando) que a vida é uma puta coisa fantástica e que vale a pena. Só por momentos como esse. É como quando você tá apaixonado e tem a certeza mais sólida do mundo de que aquele exato momento vai durar pra sempre (e que geralmente dura, mas de maneira diferente).

Pois é. Um monte de BABOSEIRA até agora pra falar que eu li uma história. Uma história muito bonita de infância, daquelas que só podem ser feitas por adultos, e que foi feita por uma pr(ofissão)etensão que desejo. Alguém que “Vive pra reclamar e reclama pra viver”.

Porra. Merda. Como a vida é bonita.

Segue o texto. E o blog.

Segundo turno ou A política das crianças
Outubro 13, 2008
Quando eu estava no colegial (o que hoje chamam de Ensino Médio), formamos uma chapa para o grêmio.
A chapa se chamava Crispan II.
Crispan porque o bedel do colégio se chamava Crispim. Era um negro barbudo, gente boa pra caralho.
Um dia ele apareceu na escola sem barba. Decidimos então que aquele era o Crispan, irmão gêmeo do Crispim. E a piada deu nome à chapa, num tipo de homenagem bizarra.
O II era porque no ano anterior tínhamos feito a Crispan I.
A Crispan era só pra tiração de sarro. Íamos de terno pra escola, com bíblias na mão e dinheiro pendurado caindo do bolso e passávamos de classe em classe com o lema “Não vote nulo. Se for pra desperdiçar seu voto, vote Crispan”.
Criamos cargos fictícios, como “Assessor para Assuntos Litorâneos na Hora das Aulas Vagas”, “Assessor de Moda, Esportes e Culinária” e assim ia.
Nos intervalos de aula, como forma de campanha, propusemos e concluímos com êxito um campeonato de jóquempô.
Na nossa plataforma, propostas como o fim da biblioteca para instalação de uma sauna mista; o fim da sala dos professores para instalação de uma academia; a montagem de um circuito de motocross no pátio; a criação de uma linha de metrô Escola - Santos, pras horas de aula vaga; a criação de uma bomba atômica, que defendíamos como arma para a paz e defesa contra os colégios concorrentes no mercado (era um colégio técnico); e o incrível sistema de rodízio de aulas vagas.
Esse sistema consistia em ter um ano de aula e um ano sem aula; nos anos com aula, um mês com aula e outro sem; nos meses com aula, uma semana com aula e outra sem; nas semanas com aula, um dia com aula e outro sem; nos dias com aula, uma aula sim e outra não; e as aulas sim seriam todas vagas.
E nos debates, onde ficavam 3 integrantes de cada chapa na mesa, promovíamos um show de coreografia: nossos 3 integrantes mudavam de “posição-de-tédio” na mesa ao mesmo tempo - mão na cara, 1, 2, 3, mãos cruzadas, 1, 2, 3, cabeça na mesa, 1, 2, 3 e assim por diante, uma coisa meio Monty Python; apresentamos uma proposta de esportes para “acabar com a ditadura dos saudáveis que jogam futebol” criando um incrível campeonato de sumô, cujos slides de apresentação chegaram na mala de nosso Assessor de Esportes, Tricô e Novelas que, por sua vez, chegou cercado de 5 “seguranças” e um monte de fotógrafos; e concluímos nossa fala cantando “um, dois, três indiozinhos” - isso sem falar nas perguntas pras outras chapas, “é verdade que sua mãe…” e coisas do tipo.
Toda essa palhaçada, somada ao fato de uma das outras chapas chamar-se X, o que remetia ao nome da professora mais temida da escola (de matemática, claro), a Márcia Xavier, carinhosamente chamada de Márcia X, e a outra chapa chamar-se “É nóis na fita”, num ótimo exemplo de como a escolha do nome de qualquer coisa que seja - principalmente dos seus filhos - deve ser um momento de bastante reflexão pra não fazer merda, nos levou a vencer as eleições.
O que fizemos depois de vencê-las?
Organizamos um campeonato de futebol (o que já seria feito mesmo sem grêmio) e acabamos com a gestão em menos de três meses - porque todo mundo estava ali pela palhaçada, ninguém tinha muito a ver um com o outro ideologicamente.
Porque escrevo tudo isso?
Pra dizer que a gente aprende desde criança que política é isso, que as eleições são e sempre serão uma piada, um circo.
Quem tiver os melhores palhaços, leva.
E quem não gostar de circo, ou tiver medo de palhaço, fica a ver navios.
Ou não.
Porque quando o governo estadual decidiu acabar com uma verba destinada às ETE’s (Escolas Técnicas Estaduais) que passava pela Fundação Paula Souza, que era quem administrava as mesmas, organizamos uma manifestação enorme junto às outras ETE’s para barrar a proposta.
Sem grêmio.
E quando a diretoria resolveu impor o uniforme obrigatório para todos os estudantes, nós, principalmente os que estavam no terceiro ano e não queriam gastar uma grana pra comprar um uniforme que só seria usado por mais seis meses, organizamos no mesmo dia em que passaria a valer a obrigatoriedade (a punição pra quem estivesse sem uniforme era ser mandado pra casa) o “Dia do Chique Brega”, em que todos iriam vestidos chique e brega, sem uniforme.
Um dia depois, estava revogada a obrigatoriedade. Até porque, a diretoria sabia, a gente sairia dali em seis meses e no ano seguinte eles não teriam mais resistência - hoje, me dá até uma tristeza quando vejo alguém com o uniforme da ETE no metrô.
Então, quando precisou, estávamos lá. Sem precisar de gente esperta e esclarecida pra dirigir.
A gente acha que criança serve pra aprender, ou melhor, a gente vive condicionando criança pra aprender, e só.
Não percebemos que na maioria das vezes elas estão aqui pra ensinar.
Ensinar como a vida é simples quando a gente olha pra ela com olhos de criança.
Sinceros, espontâneos. Maldosos às vezes.
Mas mais do que tudo, humanos.
Nada me dá mais agonia do que olhar pela janela de uma sala de aula e ver aquele mar de crianças prostradas, rosto enfiado no caderno, anotando meticulosamente o que diz o professor.
A imagem me lembra “A Classe Operária Vai ao Paraíso”.
Ainda bem que, no meio destas, sempre tem algumas dormindo.
Esse sim, o sono dos justos.
Um sonho do amanhã.
***
Antes que alguém pergunte ou afirme, SIM, no colegial ainda somos crianças.
Por mais que queiram nos fazer sentir adultos.
http://manihot.wordpress.com/

uma história legal, com comeco, meio e fim original.

é como eu, meu amigo, o B.B. King (e muitos outros escondidos por aí.. se apresentem!!) dizem:

Live the life you wanna live man, the life you wanna live.

Puta que Pariu. Vou fumar um cigarro, to com muito tesão. haha

Nenhum comentário: